Os transtornos passam, a dança fica é um espetáculo de rua do grupo de dança Cia d Fora que busca provocar uma reflexão a respeito das interferências que os canteiros de obra, espalhados pelo Rio de Janeiro, provocam no movimento das pessoas pela cidade, e como a Cia, por meio de outros movimentos – os da dança - também as pode afetar em seu caminho. Contemplado com o Prêmio Funarte Artes na Rua 2011, estreou no Rio de Janeiro em agosto de 2012, no Parque Madureira, e teve apresentações por toda a cidade, passando pela Praça Mauá, Sulacap, Morro da Providência, Jardim de Alah, Santo Cristo, Penha e Praça da Bandeira.
O título do espetáculo brinca com o texto presente em algumas placas informativas das obras:
Os transtornos passam, os benefícios ficam. As performances, realizadas nos arredores dos próprios canteiros de obra ou em locais que tenham passado por transformações recentes, procuram despertar um novo olhar para essas interferências presentes na cidade, convertendo a sensação de transtorno dos transeuntes em momentos de fruição, brincando com as relações de movimento, espaço, sons, imagens e materiais relacionados aos canteiros de obras, como fitas de isolamento, cones de trânsito e tábuas de madeira, além de usar próprio corpo como brinquedo. Nesses espaços urbanos, em constante transformação, a proposta é abrir o olhar para a mudança e observar que nós também deixamos o nosso legado para a cidade, uma marca que parece invisível, mas que define e desenha todo o imaginário coletivo da urbe.
A Cia d Fora foi criada em 2011 por seu diretor artístico e intérprete-criador Jefferson Antonio, cria do subúrbio do Rio de Janeiro, da dança de rua e da cultura negra fervilhantes nessa região da cidade, que fez parte de grupos internacionalmente reconhecidos como Cia de Dança Deborah Colker e Intrépida Trupe. Fazem parte do grupo, ainda, Fernanda Cavalcanti, Letícia Ramos, Tomás Zveibil e Viviane Alves (intérpretes-criadores), Hélio Cavalckanti (intérprete-criador convidado apenas para este espetáculo) e Thaís Zveibil (diretora executiva).
O grupo desenvolve criações coletivas e experimentações que misturam influências diversas das artes do movimento (dança contemporânea, dança de rua, capoeira, acrobacia, esporte). É especializado em dança vertical, com o uso de cordas e técnicas de escalada e rapel. Tem como premissa buscar o lado de fora, significando tanto a união de artistas independentes, quanto a realização de apresentações, sempre que possível, em locais públicos ou alternativos (nas ruas, praças, montanhas), além de explorar possibilidades diferentes da dança, espaciais e estéticas. A Cia d Fora já se apresentou em eventos como os V Jogos Mundiais Militares, o encontro de artes Tocayo e a Babilônia Feira Hype.