Um dos grandes nomes do teatro contemporâneo, reverenciado nos palcos do Brasil e do mundo, o autor e diretor Gerald Thomas tem talentos ignorados do grande público. Um de seus lados menos conhecidos está reunido no livro Gerald Thomas –Arranhando a Superfície. Com organização e apresentação da editora Isabel Diegues e textos de Zuenir Ventura e Antonio Gonçalves Filho, a publicação reúne mais de 130 desenhos feitos por Gerald, entre capas de revistas, cartazes, estudos para suas peças e ilustrações publicadas no The New York Times, inclusive um desenho (Sem Título, 1981), em tinta acrílica preta, lápis aquarelado branco, lápis grafite e café sobre papel corrugado, que faz parte da coleção do museu de Arte Moderna de Nova Iorque, MoMA.
Zuenir conta no livro que conheceu Gerald há 30 anos, apresentado por Ziraldo. O afeto foi tão imediato, que logo foi convidado para ser padrinho de casamento de Gerald e Daniela, filha de Ziraldo. “Passei então a descobrir a importância de meu afilhado não como dramaturgo, mas como desenhista. Suas ilustrações frequentavam a página de Opinião do mais influente jornal do mundo, o The New York Times. Dizem que a base do teatro dele está nesses impressionantes traços e formas. Não sei. O que dá para um leigo como eu perceber é que desde o começo suas ilustrações não são meros dependentes dos textos que lhes deram origem. Como seu autor, elas não nasceram para ser coadjuvantes”.
O jornalista Antonio Gonçalves Filho comenta que a primeira imagem que lhe vem à cabeça quando pensa em Gerald é a de um tubarão que se afoga num copo d’água. Ele costumava fazer e refazer esse desenho durante a montagem da Trilogia Kafka(1988), que Gonçalves acompanhou de perto. “Pode ser uma surpresa para quem imagina que um artista experimental como Gerald, inicialmente ligado ao La MaMa Experimental Theater Club de Nova Iorque, possa ser metódico e organizado, mas a prova de sua sistemática dedicação às artes visuais é esta histórica série de desenhos e ilustrações, reveladoras do imaginário de um homem que passou a juventude estudando filosofia no British Museum e aprendendo pintura com mestres brasileiros”, observa Antonio Gonçalves Filho.
Criador de uma estética singular, que o levou a receber três Prêmios Molière, é difícil imaginar Gerald Thomas sendo outra coisa. Mas o fato é que, desde menino, quando sua mãe o matriculou num curso de pintura de Ivan Serpa, no MAM Rio, elenunca mais parou de desenhar. “Na verdade eu sou um colecionador de mim mesmo. Sempre guardei tudo”, confessa Gerald.
Atualmente Gerald Thomas prepara com sua companhia londrina, a London Dry Opera Company, o novo espetáculo Apollo Beckett – com estreia prevista para setembro de 2013, em Dublin –, uma revisita as prosas e peças de Beckett que Gerald fez ao longo da vida, especialmente as do início dos anos 1980, no La MaMa. Já em Nova Iorque prepara (desde 2010) a ópera Ghost Sonata, baseada em Strindberg, em parceria com John Paul Jones (o lendário baixista do Led Zeppelin), também compositor de Throats e Gargólios, com estreia prevista para 14 de setembro de 2015, em Salzburg, na Áustria, e com turnê programada para outras 14 cidades (por enquanto), inclusive para o Metropolitan Opera House. Também em Nova Iorque, prepara o novo espetáculo Margot – com estreia prevista para o início de2014, no La MaMa –, baseado na maior bailarina de todos os tempos, Margot Fonteyn (parceira de Rudolph Nureyev), cujo pai de sua mãe era brasileiro, o industrial Antônio Fontes. “Morreu na miséria, no Panamá, casada com um corrupto e tirânico político paraplégico: Roberto Arias”, comenta Gerald. No Rio, ainda em 2013, inicia novo projeto teatral com Ney Latorraca.
Lançamento em SÃO PAULO: 8 de abril (segunda-feira) às 18:30h - Livraria Cultura (Conjunto Nacional)
Lançamento no RIO DE JANEIRO: 10 de abril (quarta-feira) às 19h - Livraria da Travessa (Shopping Leblon)