“Tempo Ê”: vai dar samba no cinema
Selecionado para a 10ª Edição do Festival Zózimo Bulbul, 30 de agosto a 9 de setembro, documentário sobre a vida de Zé Luiz do Império busca patrocínio para fazer estreia oficial
Já são mais de 40 anos de carreira. Uma vida pelo samba e pelo Império Serrano, que, aliás, se tornou um aposto ao nome do sambista. Zé Luiz do Império Serrano nasceu em Santa Teresa, mas carrega em seu DNA os traços do subúrbio carioca, da militância pela valorização do samba, e a sabedoria de quem conhece sua história e ancestralidade, e por isso, valoriza a comunidade da Serrinha e sonha um dia ver o jongo inserido nos desfiles de Escola de Samba.
Embora obtenha o título de patrimônio imaterial e cultural do Brasil, o samba sempre foi significado de luta e resistência. Tempo Ê, documentário escrito pela jornalista Aída Barros, filha de Zé Luiz, é mais uma forma de demonstração desse caminho árduo seguido pelos sambistas. Apesar da importância do que nele se discute e da reverência a um dos ícones desse movimento, o filme ainda luta por apoio e patrocínio para conseguir realizar o seu lançamento oficial. Por enquanto, a única janela de exibição para os amantes da sétima arte e do samba, acontecerá dia 01 de setembro na 10ª Edição do Festival de cinema negro Zózimo Bulbul, onde Tempo Ê foi selecionado.
O documentário conta a história do cantor e compositor Zé Luiz do Império, através de suas músicas, de seus parceiros Nei Lopes e Nelson Rufino, com quem compôs o clássico “todo menino é um rei” e de intérpretes de suas composições como Roberto Ribeiro, Zeca Pagodinho, Alcione, Fundo de Quintal e outros.
A obra sobre a vida deste “imperiano” registra passagens e momentos da carreira do artista, que é por excelência e contribuição efetiva, um dos nomes mais importantes do samba. O relato passeia pelo cotidiano do compositor, que apesar de contido (expressão citada por Zeca Pagodinho no filme), e não gostar muito de aparecer, quando o assunto é samba, Zé Luiz do Império Serrano é escola.
“Me incomoda perceber a quantidade de homenagens que os artistas ligados às manifestações culturais como o samba recebem depois de mortos. Luiz Carlos da Vila, a quem dedicamos esse trabalho, é exemplo disso. Quero que as pessoas conheçam a história do meu pai enquanto ele está aqui, vivo e produzindo. Na medida do possível, penso que é assim que devemos homenagear nossos brasões. E Zé Luiz do Império Serrano é um brasão do samba. Ele não faz questão de dizer, mas eu fiz”, conta Aída Barros.
Além de mostrar um pouco da intimidade de Zé Luiz, Tempo Ê traz cenas representativas que contextualizam o que é fazer e viver do samba. Na roda formada pelo protagonista, os parceiros já citados, o violinista e compositor Cláudio Jorge e também o radialista e lendário Rubem Confete, vê-se as adversidades e falta de valorização do gênero musical irem de encontro aos interesses do mercado da música atual. O documentário traz ainda depoimentos de Paulão Sete Cordas e da Tia Maria do Jongo, e tem participação pra lá de especial de Arlindo Cruz.
Para a roteirista, participar do Festival de Cinema Negro Zózimo Bulbul é muito gratificante. Aída destaca que Zózimo foi pioneiro na ressignificação do papel do negro no audiovisual brasileiro. “Ter meu trabalho marcado por este selo de qualidade é confirmar que todo o esforço valeu à pena, declara." As exibições dos filmes selecionados no Festival tem início em 30 de agosto e vão até 09 de setembro. Tempo Ê será exibido dia 01, no Odeon.
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Gabriele Nery -
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