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29 de set. de 2015
Reapareceu a Margarida! Autor de famosa peça estrelada por Marília Pêra há mais de 40 anos, Roberto Athayde está de volta mais afiado do que nunca A peça “Juliette castigada (e Justine recompensada)”, projeto idealizado pela atriz Betina Pons com direção de Paula Sandroni, estreia em outubro, no Teatro Maison de France
Como você reagiria se tivesse dormido por 230 anos e se deparasse com carros onde só se viam carruagens e cavalos? Impensável? Não para o dramaturgo Roberto Athayde, famoso pelo texto “Apareceu a Margarida”, que Marília Pêra levou aos palcos na década de 1970 e retomou nos anos 1990.
A peça “Juliette castigada (e Justine recompensada)”, escrita por ele em 2001, estreia no dia 7 de outubro, às quartas-feiras e quintas-feiras, no Teatro Maison de France, com direção e trilha sonora de Paula Sandroni, num projeto idealizado pela atriz Betina Pons, que integra o elenco ao lado de Alexandre Slavieiro e Rosanne Mulholland.
Para escrever “Juliette castigada (e Justine recompensada)”, Roberto Athayde buscou inspiração na obra de Marquês de Sade, que, no século 18, se tornou figura única na literatura francesa por escancarar a crueldade com um radicalismo que nunca se havia atingido.
Desde que leu o texto pela primeira vez, em 2008, Betina Pons alimentava o sonho de montar a peça, cuja produção é a primeira da atriz, responsável, também, pela inscrição do projeto em leis de incentivo à cultura. “É a primeira vez que inscrevo um projeto próprio na lei. É minha primeira produção. Acreditei no texto. É uma discussão filosófica dos valores do século XVIII com os valores atuais. Me aproximei do Roberto por causa da Juliette. Adoro comédia inteligente. Me sinto à vontade”, empolga-se Betina.
Já a diretora Paula Sandroni, que também participou de leituras de “Juliette castigada (e Justine recompensada)”, encantou-se pela modernidade do texto e pelo tema. “O texto é bem comunicativo e superatual. Fala sobre os valores perdidos e a eterna guerra entre o bem e o mal, a virtude e o vício. É uma comédia intelectual”, derrama-se Paula.
O texto
A peça, ambientada em Paris, é uma comédia paradoxal que conta a história das irmãs Justine e Juliette – personagens criadas pelo Marquês de Sade para simbolizar o bem e o mal –, que dormiram durante 230 anos e acordaram em pleno século 21 assustadas e surpresas com as mudanças na vida cotidiana obtidas pelo progresso, e suas consequências, como a degradação humana. É como diz a personagem que representa o mal, Juliette, representada pela atriz Betina Pons: “ Nossas guerras, nossa guilhotina, até a nossa libertinagem do século 18, tudo isso foi café pequeno comparado aos horrores atuais.”
A personagem do bem, Justine (papel de Rosanne Mulholland), acorda primeiro e, ao sair pelas ruas da capital francesa, entra numa crise histérica diante do que vê e é ajudada por um jovem padre (interpretado por Alexandre Slavieiro). Mas o próprio padre também está em crise. Ele perdeu a fé e é apresentado pela boa Justine à sua irmã Juliette, um demônio em figura de gente. As duas mulheres adaptam-se aos tempos modernos, cada uma à sua maneira. O padre larga a batina e se interessa por Justine, enquanto Juliette apronta novos crimes na modernidade e termina tendo que enfrentar a Justiça.
Se a Justiça anda a cavalo ou de avião, não importa. A questão é que a contradição entre valores de bem e mal, bondade e crueldade, é atual sempre. Assim como a questão merece sempre reflexão e análise. E apresentar esse paradoxo no teatro é muito eficiente quando se sabe usar as palavras e dar leveza e humor a sérios questionamentos. Nisso, Athayde é mestre! Ainda mais se conta com o empenho de uma atriz obstinada que correu atrás para produzir o espetáculo e a sensibilidade de uma diretora que se apaixonou pelo texto na primeira leitura.
Sobre o autor
Roberto Athayde é mais conhecido como o autor de “Apareceu a Margarida”, monólogo de uma tresloucada professora interpretada por Marília Pêra nos anos 1970. O texto já teve 48 produções só na língua alemã, mais de cinquenta na língua francesa, mais de trinta na inglesa, 14 na Grécia, somando cerca de 300 montagens. A peça foi encenada em mais de trinta países por atrizes do quilate de Annie Girardot (França, 1974), Estelle Parsons (EUA, 1977), Anna Proclemer (Itália,1975) e diretores tais como Aderbal Freire Filho (Rio de Janeiro, 1973), Jorge Lavelli (Paris 1974), Giorgio Albertazzi (Itália, 1975) e Michael Cacoyannis (Grécia, 1975), Athayde tem cultivado vários aspectos da criação literária, teatral e cinematográfica. Natural do Rio de Janeiro, Roberto estudou composição musical na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Livros publicados:
- “Apareceu a Margarida”, Editora Brasília, 1973.
- “O jardim da fada Mangana”, contos, 1974.
- “Madame Marguerite”, Avant Scène, Adaptação Jean-Loup Dabadie, Paris, 1974.
- “Madame Marguerite”, Librairie Théâtrale, Adapatação Dabadie, Paris, 1975.
- “Mademoiselle Marguerite”, Canadá, 1976, adaptação Michel Tremblay.
- “Miss Margarida’s Way”, Doubleday, New York, 1978.
- “Miss Margarida’s Way”, Book Club Edition, Nelson Doubleday Inc.
- “Miss Margarida’s Way”, Samuel French, New York, 1978.
- “O homem da Lagoa Santa”, Ed. Record, 1979, poesia.
- “Crime e impunidade e outras peças”, teatro, Ed. Record, l983.
- “Confissões do comissário de bordo Vladimir da Braniff”, romance, Ed. Record, 1989.
- “Carlota Rainha”, teatro, Ed. Agir, 1994.
- “Brasileiros em Manhattan”, romance, Topbooks, 1996.
- “O bicho carpinteiro”, juvenil, Ed. Global, 1998.
- “Jonathan’s Friend”, romance, XLibris, 1999.
- “Dom Miguel, Rei de Portugal”, Peça Teatral Histórica, Ed. Agir, 1998.
- “Abracadabrante”, ensaio, poesia, Ed. Sans Souci, 2000.
- “As peças precoces”, teatro, Ed. Nova Fronteira, 2003.
- “A velha coroca”, infantil, Ed. Global, 2007.
- “O bandeirante de ferro”, biografia, Ed. Global, 2010.
- “O sonho de D. Bosco”, Ed.Planeta, 2011 (roteiro com Maria Letícia).
Direções teatrais:
- “Miss Margarida’s Way”, Toronto, l976 (com Marilyn Lightstone).
- “Miss Margarida’s Way”, São Francisco, American Conservatory Theater, l977 (com Michael Learned).
- “Miss Margarida’s Way”, Nova York, The Public Theater e, posteriormente, na Broadway, Ambassador Theater, l977 (com Estelle Parsons).
- “Happy New Year”, Réveillon, de Flávio Márcio, Nova York, l978 (La Mama).
- “Crime e impunidade”«CRIME E IMPUNIDADE», Rio, l984, Teatro Aurimar Rocha, com Felipe Camargo.
- “Praga de madrinha”, São Paulo, 1995, Teatro Mars.
- “O homem cordial”, Rio, 1997, Teatro do Planetário.
Outras peças encenadas:
- “Um visitante do alto”, direção de Aderbal Freire Filho, Teatro Gláucio Gil, Rio, 1974.
- “Manual de sobrevivência na selva”, direção de Aderbal Freire Filho, Teatro Gláucio Gil, Rio, 1974.
- “No fundo do sítio”, Orange Tree Theater, Richmond, Londres, l976.
- “Os desinibidos”, com Vera Fisher, direção de Aderbal Freire Filho, Teatro Clara Nunes, Rio, 1983.
- “Um lobo nada mau”, musical infanto-juvenil, com direção de Marília Pêra, Teatro Leblon 2009.
Audiovisual:
- “Areias Sagradas”, curta-metragem com Marília Pêra e Jonas Torres(1983).
- “A brasilianista”, minissérie em seis episódios, TV Cultura (S.P.), 2000/01.
- “Pagliacci”, curta-metragem com Marcos Louzada.
- “Bali, o paraíso virou inferno”, documentário, com André Batsow.
- “Clara Sandroni, 20 anos de Carreira”, entrevista com a cantora.
- “Dinorah Marzullo, Matriarca de Uma Dinastia Teatral”, entrevista com a atriz.
- “Selva do Meu Desejo”, semidocumentário com Estelle Parsons e João Velho.
Tradução/Adaptação:
- “O mistério de Irma Vap”, com Marco Nanini e Ney Latorraca, direção Marília Pêra, Rio, 1986.
- “Palmas para o senhor diretor”, direção Marília Pêra, São Paulo, 1993.
- “O médico e o monstro”, com Ney Latorraca, direção de Marco Nanini, São Paulo, 1994.
- “Quase verdade”, de Tom Stoppard, direção de Dudu Sandroni, 2000.
- “Conduzindo Miss Daisy”, direção Bibi Ferreira, 2001, com Nathália Timberg e Milton Gonçalves.
Sobre a idealizadora do projeto
Betina Pons é atriz, natural de Porto Alegre- RS. Estudou teatro com Olga Reverbel, e participou, por quatro anos, do grupo Show Musical Anchieta em Porto Alegre. Formada em rádio e TV, cursou também Artes Cênicas na UFRJ, e jornalismo na PUC. Iniciou em teatro no espetáculo musical “Sobre Um” sob a Direção Geral de Ney Matogrosso. Foi fundadora e atriz do Grupo teatral “O Nome”. Entre 2003 e 2004, participou como atriz convidada do Workshop de Dramaturgia Contemporânea, ministrado por Bosco Brasil, Lauro César Muniz e João Bethencourt. Na televisão, começou a atuar em novelas na Rede Globo em 2006. Entre elas, estão “O profeta”, “Pé na jaca”, “Sete pecados”, “Malhação”, “O astro” e no seriado “Guerra e Paz”.
Em 2011, apresentou a mostra “Faróis do Cinema” na Caixa Cultural. Participou do ciclo de Leituras em homenagem aos 40 anos de carreira do autor Roberto Athayde, no Teatro Serrador/RJ, direção Roberto Athayde, em novembro de 2012 e no mesmo ano, do ciclo de Leituras dramatizadas na Academia Brasileira de Letras sob a direção de Paula Sandroni com a peça “Os Ossos do Barão” de Jorge Andrade.
Sobre a diretora
Paula Sandroni é atriz e diretora, e Mestre em Artes Cênicas pela UNI-RIO. Começou a carreira em 1991 sendo fundadora do grupo Os F... Privilegiados, do qual é integrante até hoje. Foi assistente de direção de Antonio Abujamra em diversos espetáculos até 2003. Recebeu indicação ao Prêmio Shell de Melhor Direção de 2004 com a peça “Édipo Unplugged”, co-dirigida por João Fonseca. Em 2008 dirigiu a peça “De mim que tanto falam”, de Martha Medeiros, espetáculo que continuou carreira até 2010. Trabalhou como diretora assistente da dupla Charles Moeller e Claudio Botelho de 2001 até 2012, sendo muitas vezes atriz substituta de suas produções. Com a dupla foi diretora em diversos espetáculos, como “Ópera do Malandro”, “A noviça rebelde”, “Gypsy”, “Hair” e “Um violinista no telhado”. Trabalhou como diretora assistente de João Fonseca nos espetáculos “Rock in Rio”, “Cazuza” e “O grande circo místico”.
Atualmente, ensaia, como atriz, a peça “Electra”, com direção de João Fonseca. Seus últimos trabalhos como atriz em teatro foram: “Chacrinha, o musical”, (2014/2015), direção Andrucha Waddington, “As Três irmãs”, direção Morena Cattoni, (2014), “Os sapos”, texto e direção Renata Mizrahi, pelo qual recebeu o Prêmio FITA de Melhor Atriz Coadjuvante 2014. É atriz do filme “Não se pode viver sem amor”, de Jorge Duran (2010) e do curta “Os sapos”, dirigido por Clara Linhart.
Ficha técnica:
Elenco: Alexandre Slavieiro, Betina Pons e Rosanne Mulholland
Autor: Roberto Athayde
Direção: Paula Sandroni
Direção de Movimento: Priscila Vidca
Designer de Luz: Daniela Sanches
Figurino: Anete Cota
Cenário: Nello Marrese
Trilha Musical: Paula Sandroni
Preparação Vocal: Veronica Machado
Projeto Gráfico: Guilherme Fernandes
Assessoria de imprensa: Sheila Gomes
Fotos: Marco Rodrigues
Direção de Produção: Ana Paula Abreu e Renata Blasi
Produção: Diálogo da Arte Produções Culturais
Realização: Pons Produções Artísticas
Serviço:
Teatro Maison de France – Av. Presidente Antônio Carlos, 58 – Centro
Tel.: 2544-2533
Estreia: 7 de outubro de 2015
Temporada: de 7 de outubro a 17 de dezembro de 2015
Dias e Horários: Quartas-feiras às 16h30 e 19h / Quintas-feiras às 16h30
Valor do Ingresso: R$40 (inteira) / R$20 (meia- entrada)
Classificação Indicativa: 12 anos
Apoio: Agenda Cultural RJ
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