29 de nov. de 2017

Leo Russo revive Evaldo Gouveia em “Canto de Leo” Cantor lançará seu segundo CD, que homenageia o samba-canção no palco do Teatro Rival Petrobras, dia 1 de dezembro, às 19 horas


Leo Russo revive Evaldo Gouveia em “Canto de Leo”
Cantor lançará seu segundo CD, que homenageia o samba-canção no palco do Teatro Rival Petrobras, dia 1 de dezembro, às 19 horas

Leo Russo tem no samba-canção a sua praia. Desde sua estreia na cena musical, em 2013, sempre mostrou-se familiarizado com canções do gênero em seus shows. Mais dos que isso: em entrevistas, nunca escondeu que Nelson Gonçalves estava entre seus cantores favoritos. Numa viagem a Fortaleza, Leo telefonou para Evaldo Gouveia, um dos autores-pilares do gênero, e marcou uma visita. No encontro, conheceu parte da produção atual desse autor e a vontade de gravá-las foi uma das molas propulsoras para um segundo disco. O álbum chega às lojas e às plataformas digitais este mês e será lançado no palco do tradicional Teatro Rival Petrobras, dia 1º de dezembro, sexta-feira, às 19h30.



No CD Canto do Leo, com produção e direção musical do maestro Cristóvão Bastos, Leo joga luz sobre Gouvea que tem quatro músicas gravadas, duas delas inéditas (parcerias com Paulo César Pinheiro e Fausto Nilo), mesclando-as a temas pouco conhecidos de outros grandes autores e a quatro belas pepitas de sua autoria. O amadurecimento profissional de Leo é nítido no novo disco. Nele, o samba-canção é o laço de união entre as 12 faixas selecionadas a dedo pelo cantor em parceria com Cecília Rabello.

O samba canção é o norte do disco, mas isso não faz dele algo soturno ou pesado. Pelo contrário. O resultado é solar. A começar pelos “raios dourados” de “Manhã de primavera”, samba pescado do repertório mais Lado B de Roberto Ribeiro, outro cantor que é uma referência para Leo. Pontapé inicial dado, o clima primaveril continua com “Pôster”, choro carregado de lirismo feito por Evaldo Gouveia com Paulo César Pinheiro. A canção, inédita, foi uma das apresentadas a Leo pelo compositor em Fortaleza. A iniciativa de gravá-la é só o primeiro dos muitos gols que Leo faz no disco.

O clima de seresta se instaura com “Razão e emoção”, de Vadinho e Renato Barros, outra pérola pescada no repertório de Roberto Ribeiro, cantor que deveria ser descoberto pelas novas gerações. E vem “Sim ou não”, de apurado acabamento melódico e letra bem construída. A canção, feita quando o cantor tinha 18 anos, é a primeira das quatro que ele tira do próprio baú.

É chegada a hora de mais uma inédita de Evaldo Gouveia: “Nada mudou”, canção que ganhou letra (belíssima) de Fausto Nilo, compositor mais ligado a artistas surgidos entre as décadas de 70 e 80. A parceria não só dá liga como poderia soar, para ouvidos desatentos, como uma autêntica pérola dos anos 50. E a bola continua com Evaldo. Na faixa seguinte, “Somos iguais”, parceria com Jair Amorim, ganha no arranjo de Bastos e no canto de Leo o tratamento sóbrio e respeitoso que esse clássico bolero merece.

O clima noir fica solar (e intimista) com “Olhos de mar”, belo fox-canção com tintas jobinianas. Ao cantar os predicados dessa “Rainha da praia”, que joga altinho a beira-mar, impossível não reconhecer nessa musa ecos da Teresa da Praia. O lirismo da canção é acentuado pelo arranjo de Bastos.

Se a faixa anterior tinha um quê de Jobim-Billy Blanco, “Leva o jornal”, parceria de Leo com Gisa Nogueira, tem letra e linha melódica de (fortes) cores buarqueanas (sobretudo pela repetição/mescla de versos no fim da canção). Trata-se de uma daquelas canções com ares de crônica ao tratar da escassez de boas notícias atualmente no noticiário (e no país).

O clima de amor de alcova, tão típico do samba-canção, é visto na faixa seguinte sobre uma outra ótica: a do homem que perde a amante para outro, um alguém que dará a ela “segurança e um pingüim na geladeira”. E só mesmo um gênio como Aldir Blanc para tratar desse tema mesclando lirismo e ironia nas doses certas. E detalhe: esse bolero é uma das raras vezes em que Aldir se aventura sozinho pela composição. Mestre é mestre e pronto.

Se na faixa anterior, Aldir evoca Dalva de Oliveira, na seguinte, Leo saúda aquele que é um dos seus intérpretes favoritos: Nelson Gonçalves. Do repertório do cantor, pescou “Meu vício é você”, outro clássico, desta vez assinado por Adelino Moreira, não por acaso outro pilar do gênero.

O clima “dor de cotovelo” é mantido por outra bela parceria de Evaldo Gouveia com Paulo Cesar Pinheiro. “Preciso de alguém”, samba-canção abolerado no melhor estilo Gouveia, trata do fim de um amor superado pelo tempo, apesar de a solidão ainda se fazer presente.

E o disco chega ao fim com mais uma canção de Leo, “Olhos teus”. Esse tema – outro de forte influência buarqueana – deu título ao EP lançado pelo cantor em 2015 e aparece aqui repaginado, cantado de forma mais singela e com o lirismo da letra realçada pelo caprichado arranjo de cordas.

Leo Russo mergulhou fundo nas suas raízes musicais e volta à tona com as mãos (e seu canto) carregados de pérolas – de ontem e de hoje, autorais ou de outrem. Esse “Canto do Leo” mostra-nos um cantor amadurecido. Sofisticado sem afetação, na medida certa. Um artista que pode cantar o que bem quiser.


Canto do Leo
Artista: Leo Russo
Arranjos e direção musical: Cristóvão Bastos
Selo: independente
Distribuição: Mins

Serviço:
Leo Russo – O canto do Leo
Dia 1 de dezembro de 2017, ás 19h30.
Local: Teatro Rival Petrobras
Endereço: Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Cinelândia.
Ingressos: Setor A e B – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia-entrada)
Lounge – R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia-entrada)

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