23 de nov. de 2017

Mais uma vez, Flavia Junqueira nos convida a mergulhar bem fundo nas lembranças, na emoção, na fantasia. As imagens por ela coletadas trazem também o som e o movimento inseparáveis dos carrosséis nos parques de diversão, nas feiras e festas populares.

OBLÍQUOS

Lá fora vai um redemoinho de sol

os cavalos do carrossel...

Árvores, pedras, montes, bailam

parados dentro de mim...

Noite absoluta na feira iluminada,

luar no dia de sol lá fora,

E as luzes todas da feira

fazem ruídos dos muros do quintal...

Chuva Oblíqua

Fernando Pessoa


Mais uma vez, Flavia Junqueira nos convida a mergulhar bem fundo nas lembranças, na emoção, na fantasia. As imagens por ela coletadas trazem também o som e o movimento inseparáveis dos carrosséis nos parques de diversão, nas feiras e festas populares. O olhar se perde na beleza dos cavalos de madeira, nas crinas esvoaçantes, no movimento garboso das patas em galope. E eles giram, e tornam a girar, e sobem e descem incansáveis na nossa imaginação, ao som da música singela que acompanha a cavalgada. No carrossel, todos que entram na brincadeira são heróis, soldados ou guerreiros, princesas ou rainhas. Mas os cavalos estão presos, trespassados por um eixo vertical que os impede de alçar voos mais livres. Talvez esse seja o maior dilema, aquilo que mais nos emociona: a força e a vitalidade submetidas. Tudo nos cavalos de carrossel sugere o movimento livre, mas na verdade é apenas fantasia. Eles não sairão da roda, jamais se cansarão de girar, nunca irão refugar nem jogar seus cavaleiros ao chão. Estão ali aprisionados porque assim é necessário, é mais seguro.

Flavia Junqueira traz para essa mostra imagens dos mais lindos e importantes cavalos de carrossel já fabricados ao longo da história. Mas ao intervir nas imagens a artista faz com que lanças de metal dourado cruzem, na diagonal, o corpo dos animais. Não é mais um eixo vertical que prende os cavalos, mas dardos oblíquos. Não são mais cavalinhos de carrossel. São os cavalos que a artista idealizou.

As inúmeras fotos, que Flavia colecionou por anos, indicam o fascínio que a temática dos brinquedos e dos parques de diversão exerce sobre ela. As imagens que ficaram impressas têm a cor e a memória de outro tempo. São agora apenas lembranças que trazem certamente a nostalgia. São flagrantes de uma realidade oblíqua que já não é. São instantâneos que inquietam o olhar, pois estarão para sempre impregnados de melancolia. Como lanças douradas que atravessam a alma.

OBLÍQUOS
Exposição individual da artista Flávia Junqueira
Curadoria: Isabel Sanson Portella
Abertura: 11 de novembro de 2017 | 15h-21h
Em cartaz até 09 de dezembro de 2017
Quadra: Rua Dias Ferreira 175
Segunda a sexta, 14h - 19h

Grátis 


Agenda Cultural RJ ▪ Gabriele Nery ▪ Produção e Divulgação de Eventos Culturais. Colagem de Cartazes e Distribuição de Filipetas em pontos estrategicos. Divulgação de Midia Online. 
Contato: agendaculturalrj@gmail.com 

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