4 de abr. de 2018

Escritas, apagadas, legíveis ou abstratas, as fortes palavras de Lena Bergstein voltam ao Rio de Janeiro. De 20 de março a 21 de maio, a artista apresenta Ficções, uma das maiores e mais importantes exposições de sua carreira, que ocupará três salas do Museu Nacional de Belas Artes, na Cinelândia.

Lena Bergstein ocupa três salas do Museu Nacional de Belas Artes com a mostra Ficções

Artista reúne, a partir de 20 de março, 80 obras, quase todas inéditas, entre fotografias, telas e livros, numa das maiores mostras de sua carreira




Escritas, apagadas, legíveis ou abstratas, as fortes palavras de Lena Bergstein voltam ao Rio de Janeiro. De 20 de março a 21 de maio, a artista apresenta Ficções, uma das maiores e mais importantes exposições de sua carreira, que ocupará três salas do Museu Nacional de Belas Artes, na Cinelândia. Com curadoria de Laura Abreu e textos de Lauro Cavalcanti e Monica Xexéo, a mostra reúne 80 trabalhos, quase todos inéditos, entre telas, fotos e livros.

Para a criação de boa parte das obras, Lena promove um diálogo imaginário com o poeta russo Osip Mandelstam. “Sempre trabalho partindo de um texto poético. Há uns dois anos li o poema Verk, de Osip, num texto de Giorgio Agamben. Achei coincidência encontrá-lo ali e como sou fascinada pelo seu trabalho, voltei aos seus livros”, recorda a artista.

Em Ficções, a artista reafirma sua poética, desenvolvida a partir de questões da arte e da escrita, dos espaços em branco, dos silêncios das margens. Ela trabalha com várias fotos impressas num mesmo plano, que se somam e se juntam num só e único trabalho, e as complementa com sequências narrativas. “Acrescento escritas, desenhos de estrelas, pontos luminosos, luas e intervenções com riscos e traços, que levam algum humor à seriedade das imagens”, conta.

Entre as séries inéditas estão Reflexos da Noite, Setembro e Galáxias. Na primeira, a artista utiliza 15 fotos tiradas durante a madrugada, que se revelam entre sombra e luz, noite e dia. As imagens são superpostas por desenhos e frases das quais ecoam sentimentos doloridos ou diálogos com o poeta Osip. Já na segunda série, Setembro, produzida entre 2017 e 2018, as fotografias são totalmente abstratas, e incluem fragmentos de desenhos, de palavras e um imenso espaço.


Já Galáxias são trabalhos abertos, inquietos, plenos de investigação. Nessa sala, a terceira, a artista se permite uma liberdade, uma espécie de jogo. Lena também apresenta 20 pinturas em acrílico, inéditas, que são como páginas nas quais a escrita se mostra em relação íntima com o desenho, trazendo até o espectador a memória do tempo de origem, quando desenho e escrita perfazem uma coisa só.

Às fotografias e telas somam-se cinco livros, todos em acrílico sobre tela, selecionados do acervo da própria artista, que serão colocados em mesas. “São obras múltiplas, abertas, inacabadas. Neles, afetos e sentimentos são vividos de página em página. A escrita sussurra. Compõe frases, espaços, planos, riscos, onde cada página difere da outra a fim de que se crie sua própria legibilidade”, resume Lena Bergstein.

Sobre a artista – Lena Bergstein trabalhou com gravura em metal durante muitos anos. Os textos eram escritos e apagados, desfeitos e refeitos. Quando passou para a pintura, as palavras e os textos continuaram elementos presentes na sua obra.

Desde 1989, a artista vinha se debruçando sobre os escritos do filósofo francês Jacques Derrida, fazendo leituras poéticas e plásticas de seu pensamento. Essa relação ficou evidente na Tenda, instalação montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1992. Em 1998, ambos editam um livro em parceria. O filósofo lhe ofereceu o texto Forcener le Subjectile, que deu origem a Enlouquecer o Subjétil, livro vencedor do prêmio Jabuti em 1999.

Hoje trabalha com pintura, fotografia, e livros de artista. E desenvolve uma pesquisa a partir de sua própria obra, A arte e a Escrita na História da Arte. Ganhou uma bolsa para apresentar essa pesquisa no Departamento de Artes da Unicamp, Campinas, 2015. E em novembro de 2017, deu o curso A Arte e a Escrita, um relato contemporâneo no Centro Universitário Maria Antonia, USP.

Entre as principais exposições dos últimos dez anos estão Marcas da Memória (2007), no Paço Imperial, representou o Brasil na coletiva Europalia, na Bélgica (2009), apresentou Lena Bergstein, no MAM – RJ (2013), Narrações no Mube, no Museu Brasileiro de Escultura, em São Paulo (2015). Participou da SPFoto/Arte (2015/2016) e expôs Cartas de Odessa no Centro Cultural Midrash (2017).

Foi convidada para fazer parte de uma exposição de 10 artistas contemporâneos, como abertura do Instituto Casa Roberto Marinho, primeiro semestre de 2018, Rio de Janeiro.

Serviço
Lena Bergstein – Ficções
Abertura: 20 de março, das 12h30 às 18h
Período de visitação: 21 de março a 21 de maio de 2018
Horário: Terça a sexta: das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriado: das 13h às 18h.
Ingressos: R$ 8,00 inteira, R$ 4,00 meia e ingresso família (para até 4 membros de uma mesma família) a R$ 8,00.
Grátis aos domingos.
Museu Nacional de Belas Artes: Av. Rio Branco, 199, Centro. Tel: 3299-0600.

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