Exposição com base no acervo de duas coleções particulares mostra as obras de uma mente conturbada
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 6 de setembro a 30 de outubro, a exposição “Manuel Messias nas coleções Gutman e Kornis”. A mostra reúne 72 obras, em sua grande maioria xilogravuras. Esse conjunto representa uma importante parte da obra desse artista, e é uma rara oportunidade para se apreciar trabalhos, infelizmente, pouco presentes nos acervos públicos do Brasil.
Além desses trabalhos, é apresentado ao público um conjunto relevante de informações sobre o artista, resultante de pesquisa em jornais, entrevistas e nos arquivos do Instituto Philippe Pinel, do Instituto Franco Basaglia e do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A realização dessa mostra só foi possível graças à cooperação entre duas coleções privadas de arte, que durante muitos anos reúnem informações e obras de Manuel Messias.
Trata-se de uma exposição realizada dez anos após o falecimento do artista, e ela apresenta uma obra potente e também uma trágica biografia. Essa mostra está orientada para proteger do esquecimento essa importante obra gráfica.
A obra de Messias, desenvolvida desde os anos 1960 até o início do século XXI, é fundamentalmente uma obra gráfica, ou mais especificamente, uma obra xilográfica de importância capital na história da gravura produzida no Brasil.
O artista, sua obra e sua vida:
Manuel Messias foi aluno de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), no início dos anos 1960, e foi por ele orientado para a produção de xilogravuras. Desde então, Messias construiu uma obra de intensa expressividade e de uma singular marca autoral, que logo foi reconhecida, nacional e internacionalmente, como de excelência.
Nos anos 1970, Manuel Messias introduziu importantes inovações, estéticas e técnicas, no campo da gravura, e seu reconhecimento como artista se aprofundava. Na década seguinte, esse processo avançou, mas sua vida assumiu uma dimensão trágica, na qual se combinavam sofrimento psíquico e pobreza material.
Nos anos 1990, sua obra praticamente cessa, em função do agravamento das precárias condições materiais e psíquicas do artista. Nesse momento, Messias ganha as páginas dos jornais, que destacavam a sua condição de morador das ruas e de paciente psiquiátrico. A tragédia de Messias mobilizou diversas pessoas e chegou a gerar o movimento SOS Messias, que foi coordenado pelo sociólogo Herbert de Souza – o Betinho.
Manuel Messias faleceu em 2001, mais de uma década após uma sofrida agonia, que acentuou a vulnerabilidade da obra de um artista negro, pobre e doente física e mentalmente.
Serviço:
Manuel Messias nas coleções Gutman e Kornis
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 2
Endereço: Avenida Almirante Barroso, 25, centro (estação metrô Carioca)
Telefone: (21) 2544 4080
Data: de 6 de setembro a 30 de outubro de 2011
Horário: de terça a sábado das 10h às 22h e domingos das 10h às 21h.
Entrada Franca
Classificação: Livre
Acesso a portadores de necessidades especiais