“O Filho do Presidente" em curtíssima temporada, no Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues
Homofobia e fundamentalismo religioso abalam a relação do novo presidente dos EUA com o seu filho
Idealizador do projeto, o ator Felipe Cabral está em cena ao lado de Anselmo Vasconcelos, Ingra Lyberato, Hugo Lobo, Rodrigo Candelot e Vanessa Pascale
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 2 a 19 de novembro (sempre de quinta a domingo, às 19h), o espetáculo “O Filho do Presidente”, do dramaturgo americano Christopher Shinn, no Teatro Nelson Rodrigues. Inédito no país, o autor ganha sua primeira montagem brasileira com o texto “O Filho do Presidente” (“Now or Later”, no original) – um drama político e familiar, com doses de humor, que traz à tona temas como liberdade de expressão, sexualidade, privacidade, fundamentalismo religioso e a luta pelos direitos da comunidade LGBT, na véspera de uma eleição presidencial americana. Com direção de Marcus Faustini, a peça ganhou tradução de João Polessa Dantas.
Idealizador da montagem, o ator, roteirista e diretor Felipe Cabral tomou conhecimento da obra de Christopher Shinn numa conversa com um amigo. “Ele me indicou outro texto dele, ‘Teddy Ferrara’, sobre um garoto gay que se mata na escola. Comprei o livro e comecei a ler. Logo depois, numa viagem para Nova York, aproveitei para conhecer outras peças dele”, lembra Felipe. “Comprei ‘Now or Later’, mas só fui ler dois dias depois do ataque terrorista ao jornal francês ‘Charlie Hebdo’. Fiquei impressionado. Parecia que ele tinha escrito o texto naquele momento do atentado, em 2015, e não em 2008”, conta o idealizador.
O autor conta que começou a pensar nessa peça durante o início das eleições de 2008, quando Hillary Clinton e Barack Obama tiveram que responder às perguntas sobre o casamento gay. “Na época, eles não apoiavam o casamento gay. Tentei imaginar como se sentiria um filho gay de um deles ao ouvi-los dizer isso. Ao mesmo tempo, depois do 11 de setembro, as questões da liberdade de expressão e o relacionamento do liberalismo com o fundamentalismo religioso estavam no ar. Comecei a pensar sobre como essas questões se relacionavam umas com as outras. Logo depois, pensei numa história sobre um candidato presidencial que é contra o casamento gay e é cauteloso em relação ao antagonismo do mundo Islâmico, e o seu filho homossexual é um defensor convicto da liberdade de expressão”, explica Christopher Shinn.
Com 45 anos de carreira, mais de 50 filmes em sua trajetória profissional e inúmeros personagens cômicos na TV, Anselmo Vasconcelos interpreta John, candidato à presidência dos Estados Unidos, que vive uma conturbada relação com seu filho John, um jovem gay universitário, personagem de Felipe Cabral. Ambientada na sede do Partido Democrata num hotel no sul do EUA, a trama transcorre, em tempo real, na noite da apuração dos votos. Forte candidato a vencer as eleições, o drama familiar se instaura quando fotos polêmicas do filho são divulgadas na internet numa festa: ele vestido de Maomé e seu melhor amigo, de Pastor Bob, um pastor evangélico que seria aliado do futuro presidente.
A partir desse momento, John fica sob crescente pressão do pai e da mãe, Tracy (Ingra Lyberato), e de assessores do partido – o judeu Marc (Rodrigo Candelot) e Tracy (Vanessa Pascale) – para que ele faça um pedido público de desculpas. Enquanto os assessores do partido e seus pais entram e saem do quarto onde John está com Matt (Hugo Lobo), seu amigo que estava vestido de Pastor Bob na foto, a fragilidade e as mágoas dessa relação familiar vão sendo reveladas.
“É muito bom fazer um texto com essa qualidade dramatúrgica e com temas relevantes. A peça é muito atual: evangélico, muçulmano, gay, eleição, um vídeo que viraliza”, destaca Marcus Faustini. “Tem muito rancor e ressentimento nessa família. O filho tentou se matar quando era bem jovem. Os pais sempre colocavam a agenda política na frente de tudo”, revela o diretor.
A peça estreou em 2008, no Royal Court Theatre, em Londres, com o ator Eddie Redmayne (protagonista dos filmes “A Teoria de Tudo” e “A Garota Dinamarquesa”) no papel do jovem filho gay do candidato à presidência. Sucesso de público, a crítica inglesa não poupou elogios: “Urgente e fascinante” (The Times of London), “Envolvente e ousado” (The Telegraph) e "Imperdível" (The Independent). Aos 42 anos, Christopher Shinn é autor de 12 peças. Sua estreia como dramaturgo foi aos 23 anos, com “Four”, no Royal Court. Desde então, muitas de suas obras foram encenadas nos Estados Unidos, mas com o “O Filho do Presidente” foi diferente. A peça só estreou quatro anos depois da montagem inglesa. Rejeitada por muitos produtores, a experiência o inspirou a escrever “Picked”, em 2011, sobre um ator bem-sucedido que vê sua carreira entrar numa espiral descendente.
“Depois que ‘Now or Later’ foi bem recebida em Londres, eu estava certo de que seria rapidamente montada nos Estados Unidos, como havia acontecido com outras peças minhas. Os produtores americanos, por qualquer motivo, só a montaram quatro anos depois, em Boston”, conta o dramaturgo. “O público sempre reage de formas diferentes, mas eu sinto que a peça agrada às pessoas. Seja qual for a linha política de cada um. É uma história de pai e filho que provoca uma atração primordial. Acho que os produtores nos Estados Unidos devem ter desconfiado do lado político da peça, mas o público, em sua maior parte, parece ter gostado desse aspecto também”, acredita Shinn.
SAIBA MAIS
FICHA TÉCNICA
Texto: Christopher Shinn.
Direção: Marcus Vinícius Faustini.
Tradução: João Polessa Dantas.
Elenco: Anselmo Vasconcelos, Felipe Cabral, Ingra Lyberato, Hugo Lobo, Rodrigo Candelot e Vanessa Pascale.
Assistente de Direção: Julia Stockler.
Cenografia: Fernando Mello da Costa.
Iluminação: Aurélio de Simoni.
Figurino: Carol Lobato.
Design: Guilherme Telles e Bruno Garcia
Comunicação: Gabriel Wasserman.
Assessoria de Imprensa: Paula Catunda, Bianca Senna e Catharina Rocha.
Coordenação de Relacionamento: Agatha Santos.
Coordenação de Produção: Carol Bandeira.
Assistência de Produção: Menna Barreto, Paulo Dary, Dyogo Botelho e Flávia Fialho.
Assistência de Financeiro: Karina Cordeiro.
Diretor Financeiro: Rodrigo Wodraschka.
Direção de Produção: Miguel Colker.
Espetáculo: “O Filho do Presidente”.
Temporada: De 03 a 19 de novembro de 2017.
Local: Teatro Nelson Rodrigues.
Endereço: Av. República do Chile, 230 – Centro.
Informações: (21) 3509-9621.
Dias e horários: quinta a domingo, às 19h.
Duração: 80 min.
Gênero: Drama.
Ingressos: Plateia: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) | Balcão: $ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
Bilheteria: De segunda a domingo, das 13h às 20h.
Classificação etária: 16 anos.
Capacidade: 409 (8 cadeirantes).
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