Grandes momentos da história brasileira invadem o palco do Sesc com grandes espetáculos. Na época da ditadura, momento de maior censura artística do país, o diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo Augusto Boal escreveu o livro de contos “Crônicas de Nuestra América”, título homônimo da adaptação que estreia no próximo dia 12/06, às 20h, no Sesc Tijuca. Escritas no período de 1971 a 1976, quando Augusto Boal (1931-2009) encontrava-se exilado em Buenos Aires, estas pequenas histórias são um retrato da vida cotidiana na América Latina dos anos 70. Cada uma aborda, de forma bem-humorada, a capacidade latino-americana de superar as dificuldades e de encarar a vida de maneira otimista. Através da publicação regular destas crônicas no jornal O Pasquim, Augusto Boal reata, pela primeira vez, seu vínculo com o público brasileiro após sua prisão pelo regime militar e consequente exílio. As apresentações têm ingressos a preços populares, entre R$5 e R$20.
Em 1977, estas histórias foram publicadas em conjunto sob o título de Crônicas de Nuestra América. Todas com um olhar crítico, irônico – e muitas vezes engraçado – do escritor, em uma faceta ainda pouco conhecida de sua obra: a do cronista mordaz e bem-humorado dos tempos obscuros da ditadura militar.
- A voz do vendedor de jornais chegando toda tarde ao primeiro andar do sobrado onde morávamos (na Argentina) arrancava Boal da sua máquina de escrever. Ele descia as escadas para comprar o impresso La Razón e buscar histórias engraçadas, tristes e estapafúrdias, que eram transformadas nestas crônicas deliciosas, irônicas e safadas, que líamos em jantares para deleite de um grupo de amigos brasileiros exilados, aos quais se somava o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano – relembra Cecília Boal, viúva do teatrólogo e presidente do Instituto Augusto Boal.
É justamente nesta atmosfera de liberdade criativa, de um realismo que pode ser fantástico, cruel ou simplesmente farsesco, que o diretor Gustavo Guenzburger se debruça na proposta do Sesc para a encenação do espetáculo “Crônicas de Nuestra América”. A partir de situações aparentemente verossímeis, a cena segue a trilha lúdica do escritor Boal. Ele parece se inspirar nos sinuosos caminhos narrativos dos grandes escritores latino-americanos, como Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez e Julio Cortázar. Realizada pelo Sesc, que se volta a espetáculos com um olhar aguçado sobre a história do país, a montagem chama atenção justamente por trazer o olhar exilado de Boal, autor que fez com que a América Latina pudesse exportar um método teatral para o mundo ao contar estas histórias que revelam parte da nossa identidade.
FICHA TÉCNICA
Direção: Gustavo Guenzburger
Dramaturgia e Adaptação: Theotonio de Paiva
Colaboração Adaptação: Gustavo Guenzburger
Elenco: Adriana Schneider, Clara de Andrade, Carmen Luz, Henrique Manoel Pinho, Larissa Siqueira e Lucas Oradovschi.
Iluminação: Paulo César Medeiros
Cenário e Figurinos: Dani Vidal e Ney Madeira
Trilha Sonora: João Gabriel Souto
Assistente de Direção: Dieymes Pechincha
Assistente de Produção: Regina Mascarenhas
Assistente de Produção: Aloisio Antunes
Produção Executiva: Mariana Borgerth
Diretor de Produção: Luiz Boal
Realização: Sesc
Serviço
“Crônicas de Nuestra América” – Sesc Tijuca
Data: 12/06 a 28/06, de sexta a domingo.
Rua Barão de Mesquita, 539. Tijuca.
Tel.: 3238-2139
Horário: 20h
Preço: R$5 (associados Sesc), R$10 (estudantes e idosos), R$20.
Classificação: 14 anos.
Realização: Sesc.
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